Era uma vez um sultão chamado
Shahriyar (se pronuncia Xahriár), que foi enganado por sua esposa.
Assim que descobriu, num ato de fúria matou os dois com um golpe de
espada e depois mergulhou numa profunda dor. Desiludido saiu pelo
mundo para descobrir de existia alguém mais infeliz do que ele. Em
suas andanças, descobriu muitos outros maridos enganados e,
mergulhado em sua fúria ciumenta, e senso de justiça, achou que
nenhuma mulher mereceria mais sua confiança. Voltou, então, para
seu reino e decretou que iria casar-se a cada noite com uma mulher
diferente, para mandar matá-la na manhã seguinte. E assim se deu. O
sultão se casava, e na manhã seguinte sua esposa era morta. O pavor
se espalhou entre as jovens pretendentes pois casar-se com o rei, que
representava uma dádiva, havia se tornado uma condenação. Porém
uma inteligente jovem que amava muito o sultão e era filha do vizir
(uma espécie de ministro) mais importante do reino, chamada Sherazad
(se pronuncia Xerazád), pensou em uma estratégia para salvar as
mulheres do reino e corresponder ao seu amado. A donzela pediu ao pai
que fosse escolhida como a próxima esposa do sultão, pois ela
saberia como mudar essa história. O pai de Sherazade ainda tentou
dissuadi-la dessa ideia mais não houve meio. E em breve se realizou
um casamento simples e sem festa. A nova sultana (assim se chama a
esposa do sultão), tinha muita facilidade em conversar e contar
histórias e a cada noite, criava histórias empolgantes,
interrompendo a narrativa em seu ponto mais interessante, aquele
trecho em que o sultão sempre ficava morto de curiosidade para saber
o desfecho, de maneira tal que este a poupava da morte, para, no dia
seguinte, saber como a história continuava. Assim, ela conseguiu
completar mil e uma noites contando boas histórias, até que o rei,
claro, desistiu de matá-la, e passou a ama-la profundamente.
Trecho inspirado no trabalho de pesquisa do professor Mamede Mustafá Jarouche.
Nenhum comentário:
Postar um comentário